Com sua liderança no Peru, quis construir um país forte, mas não a qualquer preço.
Diferentemente de outros libertadores como Bolívar e O’Higgins, é que José de San Martín nunca deixou o poder subir-lhe a cabeça. No fundo, sempre foi mais militar que político. Nasceu no norte da Argentina, próximo do atual Paraguai, em 1778, era filho de um militar peninsular. Com cinco anos se mudou com seus pais para a Espanha, onde iniciou uma carreira militar que o levou a combater no norte da África, em Rosilhão e Portugal. Já como capitão destacou-se na Batalha de Bailén, a grande vitória contra as tropas napoleônicas na guerra da Independência espanhola.
Na península entrou em contato com latino-americanos partidários da emancipação, alguns deles relacionados com Francisco de Miranda. Há especulações sobre ele ter pertencido a maçonaria, mas não existem provas sobre isto. Na mudança, de acordo com seu biógrafo, John Lynch, fica claro que começou a mudar sua opinião e a simpatizar com o secessionismo frente a uma pátria mãe invadida e à beira de um colapso. Segundo explicaria posteriormente, o fator desencadeante de sua mudança foi uma reunião em Cádiz com outros crioulos, conhecedores do primeiros focos de rebelião em ultramar. Ali, concordou que todos se uniriam pela insurgência.
No início de 1812 partiu em um barco para Buenos Aires onde iniciou sua ação libertadora. Sempre usando as atividades militares, com as quais conseguiu êxitos imediatos. Neste momento casou-se com Remedios de Escalada, uma garota de 14 anos. Convencido de que a independência não seria consolidada enquanto existisse a ameaça espanhola, decidiu cruzar os Andes e atacar o Peru por mar. Isto o levou a estabelecer contato com Bernardo O’Higgins, refugiado na cidade argentina de Mendoza, com quem entraria vitoriosamente no Chile em 1817.
Para a expedição em terras peruanas precisou de um importante apoio naval britânico, protagonizado por Lorde Cochrane (o corsário que inspirou o capitão Jack Aubrey do romance de Patrick O’Brian). Depois de uma exaustiva preparação logística na qual demonstrou uma grande perícia, San Martín partiu de Valparaíso e obrigou as tropas do Vice-Reino a abandonarem Lima e refugiarem-se no interior. Sem necessidade dos métodos cruéis de Bolívar, seu plano havia tido êxito.
Nesse período toma uma de suas decisões mais importantes, pois antepõe a causa da guerra de libertação da América acima das tensões políticas e militares que haviam eclodido na Argentina entre unionistas e federalistas. Assim, preferiu ser omisso as ordens que o mandavam voltar a seu país e participar da guerra civil e continuou na luta contra os espanhóis. Supostamente manteve nessa época uma relação sentimental com Rosa Campuzano, uma das heroínas da independência, mas nada confirma o romance.
Enquanto exerce o poder no Peru, mostra-se partidário de um governo forte, centralizado e moderado que deixará de fora os extremismos políticos. Precisamente por esta busca de estabilidade e ordem, explora a possibilidade de uma monarquia constitucional similar a britânica, com a qual evitaria a anarquia e a desagregação local. Mas, em seu breve tempo como governante plenipotenciário no Peru começa a saborear as amarguras do poder. Assim, testemunha as rivalidades entre as facções crioulas, as dificuldades de empreender uma política de reformas que satisfaçam a todos os setores e o mais difícil, combinar a liberdade com a ordem. As duras críticas que recebeu sua gestão o levaram a renunciar a política profundamente decepcionado.
Em 1822 reúne-se com Bolívar em Guaiaquil. Como se desconhece com exatidão o que falaram, a entrevista deu margem a múltiplas especulações. De qualquer modo, esta cidade equatoriana, ambicionada pelo Peru, passou a fazer parte da Grã-Colômbia. De outro lado, ficou acordado que seria o caraquenho quem assumiria a gloria de acabar definitivamente com os últimos restos do exército espanhol. Relutante em acumular poder, San Martín cedeu ao mando militar e regressou a Argentina. Não estava disposto mandar a qualquer preço e a sua sugestão poderia piorar ainda mais a situação interna no Peru. Suas escassas ânsias de protagonismo o diferenciavam claramente de Bolívar e outros líderes revolucionários.
Em sua terra encontrou um clima de constantes tensões civis. Como não toma partido de nenhum lado, acaba exilado na França. Ali permanece com sua filha até sua morte em 1850. Nunca teve vontade de voltar pois não estava disposto a pegar em armas contra nenhum compatriota e nem aumentar as diferenças entre eles.
Em sua terra encontrou um clima de constantes tensões civis. Como não toma partido de nenhum lado, acaba exilado na França. Ali permanece com sua filha até sua morte em 1850. Nunca teve vontade de voltar pois não estava disposto a pegar em armas contra nenhum compatriota e nem aumentar as diferenças entre eles.
Deivid Miranda, Historiador, M.’.M.’. (05/Janeiro/2015)
A.’.R.’.L.’.S.’. União, Justiça e Caridade – 640 – São Manuel (SP)
GLESP
A.’.R.’.L.’.S.’. União, Justiça e Caridade – 640 – São Manuel (SP)
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